Mulheres negras são menos diagnosticadas com endometriose e sofrem mais impacto com a saúde mental por disparidade social, explica especialista Izaianni Risco

13/08/2024

Apenas 4% a 9% por cento das mulheres negras recebem diagnóstico

Izaianni Risco
Izaianni Risco

Em um país onde a saúde pública ainda enfrenta muitos desafios, as mulheres negras estão entre as mais prejudicadas. De acordo com estudos recentes, apenas 4% a 9% das mulheres negras recebem diagnóstico de endometriose, uma condição crônica que pode causar dor severa e infertilidade. A psicóloga especialista Izaianni Risco alerta para o impacto desproporcional que essa situação tem na saúde mental dessas mulheres.

Izaianni,

é psicóloga e psicanalista há 7 anos, palestrante, possui extensão em Psicanálise e Racismo. Pós-graduanda em Saúde da Mulher, é bilíngue, fluente em Espanhol e Português. Sócia-fundadora do CAP (Comece Aqui Psi), uma startup que ensina psicólogas a empreenderem na Psicologia. Coautora do livro 10 Passos para o Orgasmo, de Janaína Santos. Participante dos movimentos sociais: Movimento Negro e Movimento Feminista.

"Mulheres brancas são muito mais diagnosticadas do que as mulheres negras em endometriose, mas isso não se comprova geneticamente e sim pelo acesso à informação e aos serviços de saúde mais especializados e atualizados, justamente por serem de alto custo. Já se sabe que os médicos mais atualizados em tratamento de endometriose e inclusive com a possibilidade de cura da doença, investem valores altíssimos para se especializarem fora do Brasil, o que torna seus serviços menos acessíveis", conta Izaianni.

Estudos apontam que a subnotificação e a falta de acesso a cuidados médicos de qualidade são fatores cruciais que agravam essa situação. Muitas mulheres negras enfrentam barreiras sistêmicas ao procurar ajuda médica, incluindo preconceito racial e desigualdade socioeconômica. Isso resulta em diagnósticos tardios ou até mesmo em diagnósticos errados, piorando a qualidade de vida dessas pacientes.

"A endometriose é uma doença que afeta milhões de mulheres em todo o mundo, mas a disparidade no diagnóstico entre mulheres negras e brancas é alarmante. Essa diferença não é apenas uma questão de saúde física, mas também de saúde mental", afirma Risco. "A falta de diagnóstico e tratamento adequado, combinada com as já existentes desigualdades sociais, contribui significativamente para níveis mais altos de ansiedade, depressão e outras condições psicológicas entre as mulheres negras."

Além disso, a especialista destaca a importância de políticas públicas que promovam a equidade no atendimento à saúde. Enquanto a conscientização sobre a endometriose tem crescido nos últimos anos, é essencial que essa visibilidade se estenda a todas as mulheres, principalmente as que enfrentam barreiras adicionais no acesso ao cuidado.

"O racismo e a disparidade social tratam a endometriose como se não fosse uma doença também da mulher negra, cientificamente falando: elas não têm o direito de sentir dor, não têm acesso à saúde, e não conseguem nem entrar para as estatísticas. O trabalho com a mulher negra e a endometriose começa autorizando-as a dar o nome correto às dores que sentem, para que sejam tratadas. É nesse ponto que a Psicologia entra. Mulheres com endometriose precisam da validação e do respeito pelos seus sintomas, além de cuidados de saúde mental específicos para suas dores e vivências", conta Izaianni Risco.

Matéria enviada por Caroline Vilas Bôas

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