Dificuldade em aceitar as escolhas dos outros

13/07/2024
Taynara de Paula - escritora e fundadora da Revista Negra
Taynara de Paula - escritora e fundadora da Revista Negra

Há 20 anos, as mudanças em como nos relacionávamos, convivíamos em locais de trabalho, em família, com amigos, em eventos sociais, políticos e até religiosos despontavam a ideia de que o "tradicional", convencional ou o que estávamos acostumados a ver como normal, não era nem de longe a única forma de viver. Nessa época, não tínhamos tanta abertura para falar sobre diversidade.

Vivemos em uma era de transformações. A tecnologia avança a passos largos, as fronteiras culturais se dissolvem e os valores sociais se reconstroem constantemente. Nessa nova realidade, enfrentamos um desafio significativo: aceitar as escolhas dos outros, sem impor nossas crenças limitantes, sem julgar, sem excluir ou dificultar a vida do outro.

A diversidade de pensamento, estilo de vida e crenças nunca foi tão visível e, paradoxalmente, nunca foi tão difícil de aceitar. Muitos de nós ainda estão presos a um conceito de normalidade que não se adapta mais ao mundo atual. Esse apego ao "tradicional" talvez patriarcal, muitas vezes, impede que vejamos a beleza nas diferenças e que respeitemos a individualidade de cada um.

O medo do desconhecido e o conforto do familiar são sentimentos humanos compreensíveis. No entanto, quando esses sentimentos nos impedem de aceitar as escolhas dos outros, nos tornamos agentes de intolerância e exclusão. Cada pessoa tem o direito de escolher seu próprio caminho, e cabe a nós, como sociedade, garantir que essas escolhas sejam respeitadas, mesmo que não as compreendamos inicialmente ou completamente.

A aceitação das escolhas dos outros não significa necessariamente concordância, até porque, nós mesmos fazemos escolhas e nossos familiares muitas das vezes não compreendem e continuamos mesmo assim executando aquilo que faz sentindo apenas para nós. Significa, sim, respeito e reconhecimento da dignidade humana. É entender que a liberdade de um indivíduo de ser quem ele é não ameaça a liberdade dos outros. Pelo contrário, uma sociedade que acolhe e celebra a diversidade se torna mais rica, mais justa e mais inovadora.

Devemos aprender a ver além de nossas próprias experiências e perspectivas. Precisamos ouvir com empatia, buscar compreender antes de julgar e estar abertos ao diálogo. A resistência às mudanças é natural, mas não pode ser uma barreira para o progresso.

Hoje, convido todos a refletirem sobre suas próprias atitudes e a praticarem a aceitação. Vamos juntos construir um mundo onde as escolhas de cada um sejam respeitadas e valorizadas. Um mundo onde a diversidade não seja vista como uma ameaça, mas como uma fonte inesgotável de aprendizado e crescimento.

Afinal, o que nos une como seres humanos é muito maior do que o que nos separa. Que possamos, então, nos unir em respeito e aceitação, celebrando a riqueza de sermos diferentes, mas profundamente conectados pela nossa humanidade comum.

Com carinho e esperança,

Taynara de Paula


Há 20 anos, as mudanças em como nos relacionávamos, convivíamos em locais de trabalho, em família, com amigos, em eventos sociais, políticos e até religiosos despontavam a ideia de que o "tradicional", convencional ou o que estávamos acostumados a ver como normal, não era nem de longe a única forma de viver. Nessa época, não tínhamos tanta abertura...