City tour por algumas horas em Amsterdam, por Cecília Costa.

14/06/2024

Olá, Viajadeiros, tudo bem? Hoje no Turistando com Cecy, nós vamos conversar um pouquinho sobre uma passeada de algumas horas que pode fazer toda a diferença na vida de uma pessoa. Muitas vezes quando estamos em algum lugar esperando para irmos a outro e ficamos parados por lá, alguns nem sabem que podem sair e retornar antes de embarcar. Quem aí não tá entendendo nada levanta a mão?

Tá, vamos recomeçar. Quando eu morava no Rio Grande do Sul, às vezes ficava horas esperando pegar ônibus para Porto Alegre. Algumas vezes, eu deixava as malas no guarda-malas e assim conseguia passear por todo o terminal Tietê, que é imenso. Na época eu era um projeto de adulto, não sabia que poderia sair da rodoviária. Esse foi um erro que não cometi quando fiz conexão no aeroporto em Amsterdam. Desembarquei às 12h e meu voo para Dublin só sairia às 22h, ou seja, eu tinha várias horas pela frente. Então pensei: "porque não fazer um city tour por algumas horas?" E foi exatamente o que eu fiz e vou compartilhar com vocês o que eu vi e as emoções que senti.

Bora lá?

Primeiro de tudo, acho importante dizer que todo aeroporto é incrível, e o aeroporto da Holanda é lindo e maravilhoso. Vemos várias coisas que nos trazem referências holandesas, ou seja, temos imagens de tulipas, vacas, Van Gogh, chocolates e muitas coisas mais. Eu passei horas lá no aeroporto e não vi tudo, e garanto que se tivesse permanecido no aeroporto, em momento algum eu teria ficado entediada. Mas isso é porque era de dia, de noite aquele aeroporto é tedioso sim, hahaha. Tive momentos de tédio total na madrugada holandesa, mas o foco não é esse, então, bora manter o foco.

No aeroporto Schiphol há uma opção muito interessante: um trem que vai para o centro. É bem simples, tem guichês dentro do aeroporto onde temos a opção de comprar a passagem. No meu caso, como voltei somente algumas horas depois, pude comprar o bilhete de retorno – não é possível comprar passagem de volta para o aeroporto se passar de 12h. É preciso então fazer a validação em um dos guichês automáticos e depois voltar para o trem. Chamado de NS Airport Schiphol Centraal Train, o trem é bem rápido e espaçoso, com lugares individuais, duplos e até três lugares. Em menos de 30 minutos é possível chegar ao centro da cidade e ao descer e sair da estação, pasmem: parecia que eu estava na Paulista, hahahah. Muita gente andando junta, se batendo, andando de bike, uma loucura!

O Canal é uma beleza! Imagino que na primavera deva ser incrível, cheio de flores e cores, porém estive lá em dezembro, em pleno inverno. Na Europa o clima é difícil, principalmente no inverno quando as tardes escurecem a partir das 16h, mas isso não impede de ser lindo. No Canal ainda temos a chance de vermos as famosas bicicletas amontoadas. Não sei qualé que é dessas bikes amontoadas, mas ao mesmo tempo que é bonito... é feio, hahahah. Gente, esse monte de bicicleta amontoada é muito feio, ocupa um espaço imenso e eu não entendi o que significa, sinceramente.

Ao longo do Canal é possível ver uma arquitetura incrível de diversos museus e prédios como hotéis, restaurantes e lojas. Eu fiz apenas uma caminhada de alguns quilômetros, o clima estava bem ruim, e como fiquei muitas horas no aeroporto antes de resolver me aventurar no trem, não entrei em lugar algum, porém, sei que nas ruelas existem restaurantes deliciosos e aconchegantes. Só que estava frio, garoando e escuro – e ainda eram 16h –, mas o passeio valeu a pena. Caminhei por mais ou menos seis ou sete km e vi vários prédios lindos e tirei fotos de tudo, depois descobri que eram construções importantes. Claro que como todo Canal, nesse aqui tem como atravessar de barco – nesse caso, ferry, uma embarcação que transporta tanto pessoas como cargas. A Buiksloterweg Ferry é uma das coisas mais impressionantes que eu já vi! "Ah, Cecy, mas é só um barco!" Sim, fato, é só um barco, mas tudo conspirou para ser bonito: o clima frio, a escuridão caindo, as luzes da cidade sendo acesas e o vento cortante na cara, eu amei! E parece que é de grátis o passeio – ao menos foi o que pesquisei, se é fato ou boato, aí é outra história. E vou confessar para vocês: ver esse Canal ao vivo, com meus olhos, foi incrível! O Canal de Amsterdam finalmente não é mais a figura da caixa de quebra-cabeças de 500 peças que eu vejo nas prateleiras do Supermercado Ibiúna. Lindo demais!

Vamos falar um pouquinho sobre Amsterdam? Capital da Holanda, também chamada de Países Baixos, Amsterdam é conhecida por seu patrimônio artístico, um sistema de canais muito bem elaborado, casas estreitas com os chamados telhados de duas águas, que nada mais é do que um tipo de cobertura com duas partes inclinadas formando um "V", da época chamada 'Era Dourada' do século XVII. Por lá, encontramos um bairro de museus – Museu Van Gogh, Anne Frank, o Rijksmuseum com obras de artistas como Vermeer, Rembrandt e ainda o museu Stedelijk, que é mais voltado para arte moderna. Uma das construções que ficam do outro lado do Canal que eu nem tinha ideia que era um museu, é o Eye Filmmuseum Amsterdam, o Museu do Cinema, com coleção de filmes holandeses e estrangeiros e cartazes de filmes de cinema a beira-mar. O edifício possui dois espaços de exposição, um cinema com 300 lugares, outros dois com 127 lugares e um quarto cinema menor com 67 lugares. Grande, né? Com mais ou menos 1.500 aparelhos cinematográficos, equipamentos históricos, uma apresentação de aproximadamente 100 clipes de filmes, incluindo filmes locais e estrangeiros é um verdadeiro primor aos olhos de quem é cinéfilo – e de quem não é também, o entretenimento é garantido!

O nome da cidade é derivado da palavra Amstelredamme, que é uma indicação de sua origem como represa do Rio Amstel, sim, o mesmo nome da cerveja que sim, é importada da Holanda. Amsterdam é originária de uma vila de pescadores que surgiu no século XII e no século XVII se tornou um dos portos mais importantes do mundo no Século de Ouro dos Países Baixos, tornando-se o principal centro financeiro e de diamantes do mundo. A cidade então passou então a ser considerada uma cidade global alfa. Grandes instituições holandesas mantêm suas sedes em Amsterdam e sete das 500 maiores empresas do mundo também possuem sede por lá, como a Philips, por exemplo.

O ciclismo é uma característica da cidade (assim que saí da estação quase fui atropelada por um ciclista, rs), assim como a zona meretrício, e sim, é isso mesmo que o nome indica, uma zona de prostituição. Me lembro de ver uma reportagem uns anos atrás onde mostravam as mulheres em vitrines como se fossem manequins, mas não sei se hoje em dia ainda é dessa maneira. Assim como a maconha, a prostituição é legalizada na cidade – bem bizarro, minha mente cristão conservadora não consegue entender nem um, nem outro, mas quem sou eu na fila do pão? Voltando ao enredo, lá a prostituição é profissão legalizada, tendo uma rua inteira para diversão adulta com cabarés, casas de jogos, boates, etc. Já falei que acho bem bizarro?

Econtrei uma senhora do Peru que não fala inglês na rua, perdida coitada, que me pediu ajuda para chegar no hotel onde a filha a aguardava, e nós caminhamos por alguns minutos e conversamos um bocado, consegui treinar um pouquinho o meu espanhol num lugar onde a língua mãe é o halandês – nem amei, rs! Após duas ou três horas andando com o vento enregelante na cara e nos cabelos, voltei para a estação, onde entrei em uma conveniência e até peguei umas coisinhas, mas desisti por dois motivos: o primeiro é que tudo era muito caro, mas eu até estava disposta a pagar, mas o segundo motivo era mais importante: a fila para o caixa estava enorme e eu comecei a ficar com medo de me atrasar para o voo, pois eu teria que passar pela imigração novamente e quando saí peguei mó fila, não sabia se quando entrasse pegaria fila imensa novamente, então larguei tudo lá e voltei para a estação para esperar o trem para a estação. Duas coisas legais aconteceram nessa estação: a primeira foi que quando fui usar o banheiro eu conversei com a funcionária, que me agradeceu por conversar com ela. Quando ela viiu minha cara de 'ué?', ela me perguntou de onde eu era, pois nenhum europeu conversa com funcionários da estação, nem agradecem, nada! Fiquei triste ao ouvir isso, e achei incrível ver como brasileiro se destaca em simpatia, lá na Irlanda algumas pessoas deduziam que eu era brasileira pelo simples fato de sorrir enquanto falava, agradecer ao descer do ônibus, cumprimetar as pessoas na rua... Bem que dizem que europeus são frios! A segunda coisa legal é que pedi informação para um senhor sobre qual era o lado que eu deveria entrar para pegar o trem para o aeroporto, e ele me disse que não falava inglês, somente espanhol, e me disse num espanhol tão ruim quanto o meu que iria chamar a esposa, quando de repente ele falou em português: "Amor, a moça precisa de informação!", e a esposa chegou falando em inglês e eu disse: "podemos falar em português, sou brasileira!", aí já sorrimos uns para os outros e o gelo foi quebrado. Viu como é fácil, pessoas europeias? É só sorrir! E após os sorrisos e apresentações, descobri que eles também não sabiam me dar essa informação, precisei achar um ser de luz que me auxiliou com isso, hahah.

Já no trem para retornar ao aeroporto, conversei com alguns locais que me ensinaram algumas palavras em holandês, como por exemplo, a pronúncia da palavra Schiphol, que é o nome do aeroporto, e diferente de quando embarquei para ir ao centro, o trem agora estava cheio – era horário de pico. Ao voltar para o aeroporto, eu estava me sentindo tão bem! Tinha conversado com locais, aprendido palavras em holandês, vi homens lindos, maravilhosos, tomei gelo na cara e estava realizada! Esperei pouco mais de uma hora no aeroporto para pegar o voo para Dublin, e confesso que amei esse city tour. Toda vez que tiver a chance de fazer isso, com certeza, farei – dependendo do tempo da conexão, claro!

Matéria por: Cecília Costa

Na campanha do Agosto Lilás de 2024, organizada pela advogada Márcia Tupan em parceria com a OAB Ji-Paraná, em Rondônia, a dramaturgia encontrou um palco especial para dar voz às mulheres silenciadas pela violência doméstica. A escritora e fundadora da Revista Negra, Taynara de Paula, trouxe à cena sua primeira peça de teatro, "Para Qualquer Voz...